TOCA RAUL!
Um poema de j. verismar
Você, que ainda sonha com uma sociedade alternativa
E conhece bem a fonte de onde jorra a água viva
Que rega céus e infernos, de norte a sul… toca Raul!
E conhece bem a fonte de onde jorra a água viva
Que rega céus e infernos, de norte a sul… toca Raul!
Você, que já foi cowboy, fora da lei e andou na contramão
Que crê em todos os lunáticos, até no pastor João
E só conhece um maluco mais beleza do que tu… toca Raul!
Você, que gosta mais do quadro que não pintou
E que tanto faz — baião, umbanda ou rock’n’roll
Inocente, puro e besta, quase como um jacu… toca Raul!
Você, que nunca sabe quando é início, meio ou fim
Já andou pelos quatro cantos do mundo, e mesmo assim
Não sabe se é um sábio chinês ou uma borboleta azul… toca Raul!
Você, que está sempre tentando mudar a direção do trem
E pousa, insistentemente, na sopa dessa gente bem
Mas que, no fundo, não passa de mais um cachorro urubu… toca Raul!
Você, que pensa que eu sou apenas o seu escravo
E que quer ser o meu MDC — me faz um desagravo
Troca de estação, muda o gosto e o menu… toca Raul!
Você, que teme a morte e as chamas do fogo eterno
E tal qual o Pedro, pobre amigo, usa sempre o mesmo terno
Que reclamou para fazer sucesso e deu o maior chabu… toca Raul!
Você, que nasceu há 10 mil, e há 50 anos, atrás
Foi tratado pelos tiranos, como se fosse o Barrabás
E foi escutar, na fonte, jazz americano e blue… toca Raul!
Você, que sente Deus por perto, até mesmo no banheiro
E todo fim de mês tem mais conta que dinheiro
E corre para pedir algum emprestado pro guru… toca Raul!
Você, que não vê graça nenhuma em dar pipoca a macaco
E praia, carro, jornal, tobogã — acha tudo isso um saco
E tinha os ouvidos grudados na novela “O Rebu”… toca Raul!
Você, que, por falta de colírio, usa óculos escuros
Que, quando sobra algum, come pão e osso duros
E, para não incomodar, come malpassado ou cru… toca Raul!
Você, que não sabe aonde tá indo, mas tá no seu caminho
E no dia em que a terra parou, já sabia e ficou bem quietinho
Que ouve toques do diabo, sem sobressaltos ou tabu… toca Raul!
Você, que calça sapato 37, mas a vida só lhe concede 36
Que nunca desiste e está sempre tentando outra vez
Que já teve tudo, e hoje anda faminto e quase nu… toca Raul!
Você, que ainda espera uma grande metamorfose
Que dançou iê-iê-iê, antes da última overdose
Bota na vitrola aquele LP antigo, do fundo do baú… toca Raul!
A você, Raul, que construiu peça por peça o seu próprio trem das sete
Minha homenagem, respeitosa, de “parceiro” e de tiete
Saudoso de você e, até hoje, jururu… toca aqui, Raul!
🧙🏼♂️Post Scriptum:
Há os que partem e caem no limbo do esquecimento. E há os que resolvem ser eternos por aqui mesmo. Esse é o caso do Raul: apenas se metamorfoseou e optou por permanecer, teimosamente, entre nós.
TOCA RAUL! — Registro e proteção da obra
Obra arquivada em PDF e assinada com certificado ICP-Brasil (A1) do autor.
Hash SHA-256 (PDF assinado):
5aeb3c089f0982d24a6539eff271efb52bad1036f00f9e696324942decc187c0
Assinatura Certa — ID do processo: XXHBPF ·
www.assinaturacerta.com.br

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