POETA Á VISTA
Um poema de j. verismar
Evite, a qualquer preço
A qualquer custo
Se avistar algum na vizinhança
Peça socorro, chame a polícia
E denuncie-o por sair por aí
Espalhando amor e poesia
Sem as devidas precauções
Ou acuse-o de algo mais grave
Mas o que, de mais grave
Um poeta poderia cometer
Do que espalhar amor e poesia
Sem ponderar as consequências?
Valha-se de tudo
Que estiver ao seu alcance
Para mantê-lo à distância
Tranque-se em casa, desligue o telefone
E não leia revistas em quadrinhos
Não aceite flores
E jamais escute ou leia
Sob nenhum pretexto
Os poemas que, fatalmente, lhe escreverá
E, principalmente
Nunca o deixe tocar-lhe o corpo
Resista, até onde for possível
Ao amor de um poeta
Reza a lenda
Que ninguém ama igual
Conhecem tudo de prazer
E como ninguém
Sabem se fazer inesquecíveis
Mas são, também, cruéis
Como só os poetas podem ser
Partirão aos primeiros sinais da aurora
Ao primeiro cantar da cotovia
E sequer olharão para trás
Porque o mundo é vasto
A vida sempre lhes será breve
E não é possível fugir ao seu destino
Não tente impedi-lo
Jamais o acompanhe
E, sobretudo
Recuse o último abraço
Que, fatalmente, lhe oferecerá
Mais seguro, sem o poeta e seu perigo
Daqui a pouco há de vir um novo dia
Um pouco mais triste — pois como castigo
Deixam os corpos que tocaram
Viciados em amor e poesia
✒️Post Scriptum:
Sou um dependente confesso. Um dia sem amor ou poesia e mergulho em sérias crises de abstinência. Por precaução, por todos os lugares por onde ando, espalho as mínimas porções de ambos, de que necessito para viver.
POETA À VISTA — Registro e proteção da obra
Obra arquivada em PDF e assinada com certificado ICP-Brasil (A1) do autor.
Hash SHA-256 (PDF assinado):
d7500555c6408bf125571f36378f5f5743dcbe0c626433df6d27f5df328ab6b5
Assinatura Certa — ID do processo: 33FDJV ·
www.assinaturacerta.com.br

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